Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” 2 Coríntios 7:1

Certa vez uma irmã em Cristo, ovelha em minha igreja, me perguntou desanimada:

“Pastor por que Deus quando me salvou já não me fez santa? Isso faria com que eu não sofresse tanto com o pecado! Ele tem poder para isso, poderia ter feito, afinal de contas Jesus já pagou o preço de todos os meus pecados!”.

A resposta estava pronta em minha mente, pois essa pergunta já tinha me perturbado por um tempo.

Essa irmã já conhecia a doutrina da salvação, sabia sobre a justificação e a santificação. Já tinha conhecimento sobre a “santidade posicional”, ou seja, de que pela fé na obra realizada por Cristo, Deus já tinha tornado ela santa.

Seus pecados passados, presentes e futuros já estavam quitados. Porém na cronologia de sua história terrena, ainda pecava contra Deus e isso mostrava que na sua prática diária ainda não era tão santa quanto deveria.

Há em nós uma clara disparidade entre o que Jesus nos tornou, santos, e o que ainda somos pecadores.

A realidade é que apesar de Cristo ter saldado toda a nossa dívida diante do Pai, termos recebido nova vida e contarmos com a presença do Deus Espírito Santo, nós ainda temos dificuldades em obedecê-Lo.

Ainda lutamos por causa daquele “Velho Ser” que éramos e que hoje se encontra pregado na cruz, que apesar de morto ainda exerce influência em nossas ações. Por isso lutamos para que seu corpo seja completamente desfeito (Rm 6:6).

Então ao olharmos nossa situação imaginamos que seria mais confortável se Deus tivesse no momento de nossa conversão, nos aperfeiçoado completamente e não pecássemos mais.

Mas a ordem que Ele nos deixa é de que devemos desenvolver essa santidade, é que nós façamos a obra. E esse é o problema, temos dificuldades!

Sabemos que nossa santidade não pode ser desenvolvida sem Deus na história, O Espírito Santo é fundamental nesse trabalho.

É uma ação conjunta! Mas por que conjunta? Deus não poderia realizá-la sozinho e isso não seria muito menos penoso e mais prazeroso para nós?

Quanto a Deus realizá-la sozinho, sim Ele poderia. Quanto a ser menos penoso e mais prazeroso para nós, creio que não.

Ao podermos participar do desenvolvimento de nossa santidade, aquilo que os teólogos chamam de “santidade progressiva” temos o prazer de conhecer mais nosso Deus.

Como isso?

Pense em um garoto que viu uma fotografia antiga de seu pai sobre um carrinho de rolimã deslanchando por uma ladeira, em alta velocidade, livre e com um grande sorriso no rosto.

Então aquela criança, sentada no colo do pai, diz a ele:

“Pai quero ser tão feliz quanto o senhor nessa foto! Também quero ser veloz assim!”

O pai se volta para ele e diz:

“Então você precisa construir o seu próprio carrinho de rolimã”

O garoto triste olha novamente ao pai e confessa que não sabe construir um, mas o pai prontamente diz que pode ensiná-Lo e o sorriso logo retorna ao rosto do menino.

O pai providencia o material necessário, vê grande disposição na criança e logo começam a trabalhar.

O pai faz o desenho do carrinho em um papel, junta as ferramentas e o material e então pega o primeiro pedaço de madeira e mostra onde deve ser serrado.

O garoto, sem demora, pega o serrote, a madeira e começa a cortá-la, mas logo o serrote começa a enroscar, o corte vai ficando torto e a criança se depara com sua incapacidade de realizar o serviço.

A euforia se esvai, a decepção e o desânimo tomam conta do menino. Seus os olhos se enchem de lágrimas e o filho olhando para o pai diz:

“Eu não consigo!”

O pai imediatamente ao ver o filho em dificuldades, põe sua mão sobre a mão do garoto e segurando o serrote firmemente começa a serrar a peça de madeira, desemperrando o serrote, corrigindo o corte e concluindo cada forma do carrinho.

A criança se enche de alegria e parte para as demais etapas da sua obra, onde em cada uma delas, da mesma forma que no início experimenta o socorro do pai em seu auxílio.

A cada tarefa a dificuldade aumenta, em cada aperto de parafuso, a cada ajuste, mas a ajuda sempre está presente e as vitórias vão sendo acumuladas.

Enfim o carrinho está pronto!

O garoto vê a obra acabada, seu carrinho, feito com suas próprias mãos e se alegra muito.

O pai também se alegra com a felicidade do filho, por saber que não desistiu até a conclusão do serviço. A criança amadureceu diante de tantas lições que surgiram ao longo daquele serviço.

O menino cresceu e se tornou adulto. Ao ver sua foto ainda criança, feliz, descendo a ladeira com o carrinho que ele próprio havia feito, agora sabe que aquele carrinho não poderia ter sido feito por ele sozinho.

Tem a certeza de que o pai sim poderia ter feito sem a sua ajuda, mas preferiu fazê-lo junto com seu filho.

Foi um tempo precioso de parceria, onde ambos, filho e pai compartilharam suas alegrias.

Nossa santidade é a oportunidade que Deus nos dá de aprendermos e amadurecermos sem nunca nos deixar desamparados, pelo contrário a cada momento com suas mãos envolve nossas mãos segurando firme as ferramentas necessárias para que possamos fazer os cortes, apertos e ajustes precisos em nossas vidas.

Aperfeiçoar a nossa santidade é obra de Deus em nós, que quanto mais adultos ficamos, mais apreciamos. É momento único, no Céu não teremos mais essa oportunidade, é dádiva que deve ser vivida hoje, agora.

É aqui que podemos enfrentar as dificuldades impostas pelo pecado, pois estamos na presença dele e aqui podemos obter vitórias sobre ele com a ajuda do Pai.

Louvado seja o nosso amoroso Deus!

Texto escrito por: Pr. Carlos Antônio (Cantoca)
Original: www.tornatepadrao.com.br

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