ArtigosFamíliaFilhos

Nossos filhos precisam de discernimento e graça.

Todas as vezes que acontecem tragédias envolvendo atos de extrema violência e covardia, que extrapolam o “senso comum” – como os recentes casos ocorridos na escola de Suzano e nas duas mesquitas da Nova Zelândia, e ainda, os relatos dos vídeos da “boneca” Momo, desafiando e incitando crianças a cometerem suicídio – ressurge a polêmica sobre a influência que a internet, os videogames, os filmes e os seriados exercem sobre nossos filhos.

A pergunta que surge é: nós, como pais, devemos permitir ou proibir nossas crianças de ter acesso à internet, de jogar determinado game, de assistir esse ou aquele filme e/ou seriado? A segunda pergunta é: isso será suficiente?

Nesse contexto, quero compartilhar com vocês uma breve reflexão feita por meu amigo e professor da Escola Teológica Charles Spurgeon, Pr. Felipe Prestes, que, de forma clara nos lembra como devemos lidar com essa questão de modo bíblico e, sobre tudo, prático.

Eis o texto do Pr. Felipe:

“Em meio à treta do que se deve ou não proibir, uma lição deveria ser unânime: tenho que ensinar pros meus filhos discernimento, que é o que vai além do “não”. É o porquê do não. Ditar limites é muito mais fácil do que ensinar princípios. Sempre foi.

Passo o dia ditando limites pra eles. Mas, além disso, eles precisam saber por que razão os limites estão ali. O que acontece se eles os ultrapassarem? Eles precisam saber das consequências do erro e do pecado.

Eles precisam amar a Deus, temer a Deus, ter paixão pela glória de Deus. Jogos, filmes, séries, etc, isso vai fazer parte da vida deles uma hora ou outra. E, quando eles tiverem que escolher entre o bem e o mal, entre pecar e não pecar, e eu não estiver perto, o que vai segurá-los? O bom siso, o discernimento. Junto com isso, o temor do Senhor. Mas, em Provérbios, um é sinônimo do outro.

Nossos filhos precisam ouvir também da graça de Deus. Precisam saber que os limites são colocados pelo amor de Deus em nos guardar e não pela vontade de um Deus severo que quer nos punir. Sim, haverá o juízo. Mas a misericórdia triunfa sobre ele. Preciso falar mais Cristo do que “não” pros meus filhos.

Eles precisam saber que a cruz existiu para que, quando eles passassem dos limites, seus pecados fossem perdoados. Para que, arrependidos, tenham acesso novamente à casa do Pai.

Discernimento e graça. Sem isso, nossos filhos não são nada. Sem discernimento e sem a graça, teremos filhos que não sabem dizer sim e não na hora certa. Sem sabedoria e sem o evangelho, eles seguirão em fila indiana, sem “dar trabalho”, em absoluto silêncio, para o inferno.

Que Deus nos ajude a criar filhos que sabem provar os espíritos, que sabem reter o que é bom e que também sabem se desviar do mal. Nossas regras podem ser até boas e úteis. Mas só o discernimento com o evangelho irão transformá-los de dentro pra fora.

P. S. Só pra terminar, minha ação prática de hoje em relação a isso. As crianças entraram correndo na cozinha. A regra é clara: cozinha não é lugar de brincar. Meu reflexo foi só dizer não. Depois pensei nesse texto que tinha escrito. O que fiz: fiquei diante deles e os fiz sentirem um pouco do calor da panela do fogo. Eles ficaram com medo. E eu expliquei o que poderia ocorrer se eles corressem na cozinha e batessem em alguma panela. Foi algo simples. Mas eu nunca tinha feito assim. Não com essa intencionalidade.

Espero poder fazer mais isso.

Em Cristo,

Felipe”

Esse texto foi originalmente compartilhado pelo autor em seu perfil no Facebook, e divulgado aqui com a devida autorização. Minha oração é que ele seja um instrumento de Deus na nossa edificação, nos ajudando nessa difícil, mas adorável e honrosa, tarefa de ser pai.

Deixe uma resposta