1. O Deus Trino. Cremos em um só Deus, eternamente existindo em três pessoas igualmente divinas: Pai, Filho e Espírito Santo, que conhecem, amam e glorificam um ao outro. Este único Deus verdadeiro e vivo é infinitamente perfeito tanto em seu amor quanto em sua santidade. Ele é o criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis, e é, portanto, digno de receber toda a glória e adoração. Imortal e eterno, ele conhece perfeita e exaustivamente o fim desde o princípio, sustenta e governa soberanamente sobre todas as coisas e, em sua providência, acarreta seus bons propósitos eternos de redimir para si um povo e restaurar a sua criação caída, para o louvor de sua gloriosa graça.
2. Revelação. Deus graciosamente revelou a sua existência e poder na ordem criada, e tem se revelado de maneira suprema aos seres humanos caídos na pessoa de seu Filho, o verbo encarnado. Além do mais, este Deus é um Deus que fala, que por seu Espírito graciosamente se revelou em palavras humanas: cremos que Deus inspirou as palavras preservadas nas Escrituras, os sessenta e seis livros do Antigo e do Novo Testamento, os quais documentam e são também meio de sua obra salvadora no mundo. Estes escritos somente constituem a Palavra de Deus verbalmente inspirada, a qual, nos escritos originais, possui autoridade suprema e está isenta de erro e é também completa na revelação de sua vontade para a salvação, suficiente para tudo o que Deus requer que creiamos e façamos e final em sua autoridade sobre todo o domínio do conhecimento que exprime. Confessamos que tanto nossa finitude quanto nossa pecaminosidade impedem a possibilidade de conhecer exaustivamente a verdade de Deus, mas afirmamos que, iluminados pelo Espírito de Deus, podemos conhecer verdadeiramente a verdade revelada de Deus. A Bíblia deve ser crida, como a instrução de Deus, em tudo o que ela ensina; obedecida, como mandamentos de Deus, em tudo o que requer; e confiada, como penhor de Deus, em tudo o que promete. À medida que o povo de Deus ouve, crê e obedece à Palavra, ele é equipado como discípulos de Cristo e testemunhas ao evangelho.
3. Criação da humanidade. Cremos que Deus criou os seres humanos, macho e fêmea, à sua própria imagem. Adão e Eva pertenciam à ordem criada que o próprio Deus declarou ser muito boa, servindo como agentes de Deus cuidando, gerenciando e governando sobre a criação, vivendo em santa e dedicada comunhão com seu Criador. Homens e mulheres, igualmente criados à imagem de Deus, gozam igual acesso a Deus pela fé em Cristo Jesus e são chamados, ambos, a se moverem além da autoindulgência passiva para um envolvimento significante privado e público na família, igreja e vida cívica. Adão e Eva foram feitos para complementar um ao outro em uma união de uma só carne, que estabelece o único padrão normativo de relações sexuais para homens e mulheres, de forma que o casamento sirva como um tipo da união entre Cristo e sua igreja. Nos sábios propósitos de Deus, homens e mulheres não são simplesmente intercambiáveis, mas sim, eles se complementam de formas mutuamente enriquecedoras. Deus ordena que eles assumam papéis distintos que refletem o relacionamento de amor entre Cristo e a igreja, o marido exercendo papel de cabeça, de maneira a demonstrar o amor carinhoso e sacrificial de Cristo e a esposa se submetendo ao seu esposo, de maneira a mostrar o amor da igreja por seu Senhor. No ministério da igreja, ambos, homens e mulheres, são encorajados a servir a Cristo e a desenvolver todo seu pleno potencial nos múltiplos ministérios do povo de Deus. O papel distinto de liderança dentro da igreja, que é dado a homens qualificados, é fundamentado na criação, queda e redenção, não devendo ser desviado por apelos a desenvolvimentos culturais.
4. A Queda. Cremos que Adão, feito à imagem de Deus, distorceu essa imagem e perdeu a sua bendição original — para si e toda sua descendência — ao cair em pecado pela tentação de Satanás. Como resultado, todos os seres humanos estão alienados de Deus, corrompidos em todo aspecto de seu ser (isto é, fisicamente, mentalmente, volitivamente, emocionalmente, espiritualmente) e condenados, final e irrevogavelmente, à morte — a não ser pela intervenção graciosa do próprio Deus. A necessidade suprema de todo ser humano é ser reconciliado ao Deus sob cuja justa e santa ira nos encontramos; a única esperança de todo ser humano está no amor imerecido deste mesmo Deus, o qual unicamente pode nos resgatar e restaurar para si.
5. O Plano de Deus. Cremos que desde toda a eternidade Deus determinou, em sua graça, salvar uma grande multidão de pecadores culpados, vindos de toda tribo, língua e nações, e com este fim os conheceu e escolheu. Cremos que Deus justifica e santifica aqueles que, por sua graça, têm fé em Jesus, e que um dia ele os glorificará — tudo para o louvor de sua gloriosa graça. Em amor, Deus ordena e suplica que todas as pessoas se arrependam e creiam, tendo posto esse amor salvífico sobre aqueles que escolheu e tendo ordenado a Cristo como redentor deles.
6. O Evangelho. Cremos ser o evangelho as boas novas de Jesus Cristo — a própria sabedoria de Deus. Completa loucura para o mundo, ainda que seja o poder de Deus para aqueles que estão sendo salvos, essas boas novas são cristológicas, centradas na cruz e na ressurreição: o evangelho não é proclamado se Cristo não for proclamado, e o Cristo autêntico não terá sido proclamado se sua morte e ressurreição não forem centrais (a mensagem é: “Cristo morreu pelos nossos pecados… e ressuscitou”). Essa boa nova é bíblica (sua morte e ressurreição são de acordo com as Escrituras), teológica e salvífica (Cristo morreu pelos nossos pecados para nos reconciliar com Deus), histórica (se os eventos salvadores não tivessem acontecido, nossa fé seria vã, ainda estaríamos em nossos pecados e seríamos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão), apostólica (a mensagem foi confiada aos apóstolos e transmitida por eles que eram testemunhas desses eventos salvíficos) e intensamente pessoal (quando ela é recebida, crida e firmemente retida, pessoas são individualmente salvas).
7. A Redenção de Cristo. Cremos que, movido pelo amor e em obediência ao Pai, o Filho eterno tornou-se humano: o Verbo se encarnou, plenamente Deus e plenamente ser humano, uma Pessoa em duas naturezas. O homem Jesus, o Messias prometido de Israel, foi concebido pela milagrosa atuação do Espírito Santo e nasceu da virgem Maria. Ele obedeceu perfeitamente ao seu Pai celestial, viveu uma vida sem pecado, realizou sinais e milagres, foi crucificado sob Pôncio Pilatos, ressuscitou corporalmente da morte ao terceiro dia e ascendeu ao céu. Como Rei mediador, ele está assentado à destra de Deus Pai, exercendo no céu e na terra toda a soberania de Deus, e é nosso Sumo Sacerdote e justo Advogado. Cremos que por sua encarnação, vida, morte, ressurreição e ascensão, Jesus Cristo agiu como nosso representante e substituto. Ele o fez para que nele fôssemos feitos justiça de Deus: na cruz ele cancelou o pecado, propiciou a Deu, e, carregando toda a penalidade de nossos pecados, reconciliou com Deus todos os que creem. Por sua ressurreição, Cristo Jesus foi vindicado por seu Pai, quebrou o poder da morte e venceu Satanás, que anteriormente tinha poder sobre ela, e trouxe vida eterna a todo seu povo; por sua ascensão, ele foi para sempre exaltado como Senhor e nos preparou um lugar para estarmos junto dele. Cremos que a salvação está em nenhum outro, porque não há nenhum outro nome dado debaixo do céu pelo qual sejamos salvos. Porque Deus escolheu as coisas humildes deste mundo, as desprezadas, as coisas que não são, para anular as coisas que são, nenhum ser humano poderá se vangloriar diante dele — Cristo Jesus tornou-se para nós sabedoria de Deus, ou seja, nossa justiça, retidão, santidade e redenção.
8. A Justificação de Pecadores. Cremos que Cristo, por sua obediência e morte, pagou plenamente a dívida de todos aqueles que são por ele justificados. Pelo seu sacrifício, ele carregou em nosso lugar o castigo que era devido por nossos pecados, satisfazendo própria, real e plenamente a justiça de Deus por nós. Por sua perfeita obediência, ele satisfez as justas exigências de Deus em nosso favor, uma vez que pela fé somente essa perfeita obediência é creditada a todos os que confiam somente em Cristo para sua aceitação diante de Deus. Como, livremente e não por alguma coisa que houvesse em nós, Cristo foi dado em nosso favor pelo Pai e sua obediência e castigo foram aceitos no lugar da nossa obediência e castigo, esta justificação é somente pela livre graça, a fim de que tanto a exata justiça quanto a rica graça de Deus sejam glorificadas na justificação dos pecadores. Cremos que um zelo por obediência pessoal e pública flui dessa livre justificação.
9. O Poder do Espírito Santo. Cremos que esta salvação, atestada em toda a Escritura e assegurada por Jesus Cristo, é aplicada ao seu povo pelo Espírito Santo. Enviado pelo Pai e pelo Filho, o Espírito Santo glorifica o Senhor Jesus Cristo, e, como outro paracleto, está presente em e com aqueles que creem. Ele convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo e, por sua obra poderosa e misteriosa, regenera pecadores espiritualmente mortos, despertando-os para o arrependimento e a fé e nele são batizados em união com o Senhor Jesus, de modo tal que são justificados diante de Deus pela graça somente, pela fé somente, em Jesus Cristo somente. Pela agência do Espírito, os crentes são renovados, santificados e adotados na família de Deus, participam da natureza divina e recebem os seus dons que são soberanamente distribuídos. O próprio Espírito Santo é o penhor da herança prometida e, nesta presente era, habita, dirige, guia, instrui, equipa, renova e capacita os crentes para viverem e servirem como Cristo.
10. O Reino de Deus. Cremos que aqueles que foram salvos pela graça de Deus mediante a união com Cristo, pela fé e pela regeneração do Espírito Santo, entram no reino de Deus e desfrutam das bênçãos da nova aliança: o perdão dos pecados, a transformação interior que desperta um desejo por glorificar, confiar e obedecer a Deus, e o prospecto da glória que ainda será revelada. As boas obras constituem evidência indispensável da graça salvadora. Vivendo como sal em um mundo que se deteriora e luz em um mundo escuro, os crentes jamais deverão se afastar em reclusão do mundo nem se tornar indistinguíveis dele; pelo contrário, devemos fazer o bem à cidade, para que a glória e honra das nações sejam oferecidas ao Deus vivo. Em reconhecimento a quem pertence esta ordem criada e porque somos cidadãos do reino de Deus, devemos amar nosso próximo como amamos a nós mesmos, fazendo o bem a todos, especialmente aos que pertencem à família de Deus. O reino de Deus, já presente, mas ainda não plenamente realizado, é o exercício da soberania de Deus no mundo em direção à eventual redenção de toda a criação. O reino de Deus é um poder invasivo que despoja o tenebroso reino de Satanás e regenera e renova, mediante arrependimento e fé, a vida dos indivíduos resgatados daquele reino. Portanto, ele inevitavelmente estabelece uma nova comunidade de seres humanos que estão juntos debaixo de Deus.
11. O novo povo de Deus. Cremos que o povo da nova aliança de Deus já veio à Jerusalém celestial; já está assentado com Cristo nos lugares celestiais. Essa igreja universal se manifesta em igrejas locais das quais Cristo é a única cabeça; assim, cada “igreja local” é, de fato, a igreja, a casa de Deus, assembleia do Deus vivo e coluna e fundamento da verdade. A igreja é o corpo de Cristo, a menina dos seus olhos, está gravada em suas mãos e ele se comprometeu a ela para sempre. A igreja é distinguida por sua mensagem do evangelho, suas sagradas ordenanças, sua disciplina, sua grande missão e, acima de tudo, por seu amor a Deus e pelo amor de seus membros uns pelos outros e pelo mundo. De modo crucial, esse evangelho que amamos possui dimensões pessoais e também corporativas, sendo que nenhuma delas deve ser ignorada. Cristo Jesus é nossa paz: ele não somente trouxe paz com Deus, como também paz entre povos antes alienados. Seu propósito era criar em si uma nova humanidade, fazendo a paz, e reconciliar ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. A igreja serve de sinal do futuro novo mundo de Deus, quando seus membros vivem em serviço uns pelos outros e pelo próximo, em vez de viverem focados em si mesmo. A igreja é a habitação corporativa do Espírito de Deus e a testemunha contínua de Deus no mundo.
12. Batismo e Ceia do Senhor. Cremos que o batismo e a Ceia do Senhor são ordenados pelo próprio Senhor Jesus. O primeiro está ligado à entrada na comunidade da nova aliança e o segundo, à renovação contínua da aliança. Juntos são simultaneamente o penhor de Deus a nós, meios de graça divinamente ordenados, nosso voto público de submissão ao Cristo uma vez crucificado e agora ressurreto e a antecipação de sua volta e da consumação de todas as coisas.
13. A Restauração de todas as coisas. Cremos na volta pessoal, gloriosa e corporal de nosso Senhor Jesus Cristo com seus santos anjos, quando ele exercerá seu papel final de Juiz e seu reino será consumado. Cremos na ressurreição do corpo de ambos, justos e injustos — os injustos para o juízo e castigo eterno e consciente no inferno, como ensinou o próprio Senhor, e os justos para a bendição eterna na presença daquele que está assentado no trono e do Cordeiro, em novo céu e nova terra, habitação de justiça. Naquele dia, a igreja será apresentada sem mácula diante de Deus pela obediência, sofrimento e triunfo de Cristo, todo pecado será purgado e seus efeitos nefastos banidos para sempre. Deus será tudo em todos e seu povo será envolvido por sua imediata e inefável santidade, e tudo será para o louvor de sua gloriosa graça.
Esta declaração de fé foi originalmente publicada pelo site Voltemos ao Evangelho. Por refletir o que cremos, reproduzimos seu conteúdo na íntegra.