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A inversão de todos os valores na cruz de Cristo

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É do filósofo alemão Friedrich Nietzsche o projeto da transvaloração de todos os valores. Para ele, na fé cristã estão estampados tudo o que há de fraco, doente e decadente. A vitalidade pagã foi trocada no Ocidente pela doença cristã. Diante disso, resta-nos transvalorar.

Não posso concordar que as virtudes cristãs são decadentes. Nietzsche não conhecia a verdade e a vida. Entretanto, precisamos concordar com Nietzsche que a cruz de Cristo é a maior inversão de todos os valores humanamente construídos.

Nos relatos bíblicos da crucificação, vemos a total inversão daquilo que é buscado perenemente pelos seres humanos.

A cruz foi a escolha de Deus pelo caminho mais difícil. Em vez de um lugar santo e puro, Jesus foi crucificado na Caveira, lugar de morte e impureza. Optou por não beber vinho com fel para amenizar suas dores. E o fim da narrativa é a sua morte.

A cruz também foi uma grande inversão. O rei não estava em um trono, mas pendurado em um madeiro. Em vez de uma coroa, ele tinha espinhos na cabeça. O rei de toda a terra foi acusado pelos romanos, a multidão maneava a cabeça para ele, e até um dos ladrões crucificados ao seu lado lhe acusou.

Do ponto de vista do que nos agrada e enche os nossos olhos, não existe nada mais invertido do que o caminho da cruz. Entretanto, é exatamente esse caminho que Jesus nos convida para trilhar também.

Foi a justiça de Deus sendo executada. O cumprimento do pacto das obras que nenhum ser humano jamais conseguiria cumprir, mas Jesus fez por nós para que hoje pudéssemos ter vida verdadeira — tolo, Nietzsche!

O véu do templo se rasgou do alto a baixo. Os santos que haviam morrido antes da crucificação ressuscitaram. Os romanos pagãos confessaram que Jesus era o Senhor. E a igreja, a pobre comunidade dos discípulos de Jesus permanecia ali, mesmo que de longe, estava se arriscando ao acompanhar até o fim.

É nessa inversão de todos os valores humanos, demasiado humanos, que rompemos com o ciclo de morte incontornável a todos nós. Hoje, podemos celebrar a maior libertação que a aliança com Deus proporciona.

É o Evangelho na Páscoa, a vida na morte da morte!

Texto por: Pedro Dulci
Originalmente compartilhado pelo autor em seu perfil no Instagram.

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