É normal que todos nós gostemos de empatia. Ter alguém que “sinta conosco”, que queira se colocar no nosso lugar, faz com que as dores sejam diminuídas pelo anestésico da amizade. No entanto, isto nem sempre acontece no nível que sentimos precisar.
As pessoas podem nos ouvir de forma preguiçosa, podem nos dar atenção por um tempo menor do que gostaríamos, e acabamos tristes pelo som abafado de um coração atrofiado. Isto é até comum, e quando estamos emocionalmente estáveis, lidamos com isso com boa dose de naturalidade.
Entendemos que os outros não podem viver em função de nós e seguimos a vida gratos pelas doses de empatia que recebemos de amigos, igreja e família.
No entanto, quando algo tira a força emocional que geralmente temos, o anseio por empatia fica descompensado, como tudo que diz respeito a nossas necessidades emocionais.
Então, começa um esforço por tentar fazer com que as pessoas sintam o que você está sentindo, porque você precisa daquela empatia em doses mais elevadas. Você se pega fazendo um drama que nunca foi típico da sua personalidade, começa a tentar chamar atenção exagerando as próprias dores, e relata as coisas com exagerada profundidade, com conclusões apocalípticas e quase teatrais, esperando que a outra pessoa sofra com você aquele sofrimento.
É uma tentativa exagerada de levar os outros a chorarem o seu choro, tentando desfibrilar o coração que você julga não bater forte o bastante em seu favor.
O problema é que este tipo de carência emocional raramente é curado por correspondência emocional, mas sim por fortalecimento espiritual dos músculos morais.
Não é de mais empatia que você precisa, de uma qualidade diferente de empatia que seja poderosa o suficiente para transformar o seu interior. Quando não procuramos o Deus empático, sucumbimos. E em nosso naufrágio emocional, continuamos bebendo água do oceano.
Então você nunca acha que as pessoas entendem de verdade o tamanho do seu sofrimento. Então você precisa repetir a história, com mais ênfase, para ver se te ouvem de verdade, para ver se sofrem o tanto que você acredita que precisam sofrer para que você se sinta correspondido.
Mas a correspondência nunca vem, porque o problema não é falta de empatia. O problema é que você se tornou um poço sem fundo. A empatia é fundamental, e chorar com quem chora é mandamento.
Mas quando nos colocamos como merecedores deste tipo de correspondência, é quando essa correspondência vai se tornar insuficiente. É aí que vem a maravilha do livro de Hebreus: temos um sumo sacerdote total e plenamente empático, que sente conosco o nosso sofrimento.
Em tempos de descontrole emocional, o choro empático dos irmãos tende a ser insuficiente para nos dar a paz da correspondência e do amor.
Se você não se apegar à empatia de Cristo, você só vai cansar e sobrecarregar quem te ama, porque você está cobrando deles algo que só Jesus como grande sumo sacerdote pode nos dar.
Texto por: Yago Martins
Original: Publicado no Twitter